terça-feira, 29 de dezembro de 2015

RENOVAÇÃO

O cheio se faz vazio
E transbordando de nada
Se derrama em mim

A flecha acerta a ferida
Machuca
Fere
Despedaça
Mas não alcança o fim

A minha alma flutua
Voa
Foge
Será sempre assim

O fogo se apaga
A luz se afasta
O bom se faz ruim

Mas o frio
Não me alcança as asas 
Sempre haverá  as brasas
Me aqueço
Te esqueço
Sou um eterno Sim.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

LUXÚRIA

Estava rodeada de pessoas
de risos
de festas
de amigos
família
e coisas
e tudo
Mas estava só
Mergulhada na solidão
Te vi
Te escolhi
Para morrer
Anjo negro
Te segurei na mão
E nunca mais soltei
Caminhamos
Fugindo do Sol
Dominando a noite
E o medo da escuridão
Encontrei forças
No nosso amor
Vagamos nus
Pela sarjeta
Bebendo sangue
Vomitando arrependimentos
Dançando em nuvens
Virando Luz
Estrelas Cadentes
Sentindo a vida
Voando alto
Livres
Como os urubus
O amor doía
No medo
De se findar
Fiz do teu peito
A minha cama
Presa a tua alma
A tua loucura
Sucumbindo  de você
Agonizando na tua calma
Não distinguia
A dor
O prazer
Mergulhada
Nas nossas dores
Na  cor vermelha
Dos seus olhos azuis
O medo da realidade
A necessidade
De voltar
Nunca mais saída
Nunca mais paz
Uma ferida aberta
Um atalho feito
Para sempre
Sempre que a solidão se mostra
A fraqueza exposta
Pra ti me conduz
Até a eternidade
Corpos mortos
Vidas emprestadas
Inventadas
Presas
As tuas asas
As minhas asas
Camuflados os sentimentos
A luz da decência oculta
Toda a penumbra
Toda a luxuria
Em que já  me expus








domingo, 20 de dezembro de 2015

MEU TERROR


A passos lentos caminha o dia para os braços escuridão noturna.
Não há luz suficiente que substitua o rei do firmamento.
Os fantasmas aguardam escondidos embaixo da cama para se revelarem nas sombras projetadas nas paredes e planejam as suas zombarias na constante ameaça de me puxar pelas pernas.
Todos os viventes dormem nesta casa. Menos eu. 
Em vão tento proteger-me sob o lençol. O mormaço se expande e banha-me de suor, vencendo-me.
Não tenho coragem para abrir os olhos e, mesmo com eles fechados, sou capaz de perceber os mil olhos que me espreitam.
A noite é como um castigo. De certo por algo que não me recordo haver feito, mas com certeza fiz. Talvez em outras vidas.
Nesse purgatório não há socorro. Não há santos, nem santas nem anjo, nem Deus... 
Somente a escuridão, o calor, o medo e eu.

INVENÇÃO


Se eu fosse inventor
Faria a maior invenção
Reinventaria o amor
Um grande amor
e cuidaria para que fosse
Sem defeitos de fabricação
Sem as surpresas das peças falsas
provocando panes
e desilusão

Um grande amor
Companheiro
Pleno
Sereno
Verdadeiro

Alguém que me fizesse só o bem
O tempo inteiro
Não precisava concordar comigo em tudo
Não! Isso não.
Ele seria um amor
Não um robô
Seria simples
Inteligente
Bem humorado
Com qualidades e com defeitos
Amaria a mim do meu jeito
Juntos faríamos os nossos próprios consertos

Um grande amor
Que me protegesse da solidão
Eu inventor
Ele  a minha maior invenção






sábado, 21 de novembro de 2015

DESCOBERTA


SOBRE VIDA


Eu sobrevivo

Da lembrança

Dos teus beijos

Dos teus abraços

Do nosso desejo

Do nosso enlaço

Eu vivo

Da esperança

Do aconchego

Dos teus braços


(Ivana Lucena)



fonte da imagem: https://maciatexeira.wordpress.com/desenhos-e-pinturas-a-lapis-2014/



AO LONGE



Te vejo fumaça
Que aos poucos se esvai
Ao vento soltando os pós
Resquícios do fogo
Da brasa
Que fomos nós


(Ivana Lucena)



fonte da imagem: http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://4.bp.blogspot.com/-S-OKz0QVLHA/TZUroywNigI/AAAAAAAABcg/G4ukQr0Kfx8/s1600/tumblr_lisi4oDMkU1qbd8v2o1_500_large.png&imgrefurl=http://lauretestar.blogspot.com/2011_03_01_archive.html&h=345&w=500&tbnid=ltTA5uAxY6rUqM:&docid=zav5Supj-iwlrM&ei=oeBQVuCjDsbnwgTJoLuABg&tbm=isch&ved=0ahUKEwig-NC8uaLJAhXGs5AKHUnQDmA4yAEQMwgXKBQwFA

ERA UMA VEZ O AMOR




Era uma vez uma fantasia
Que inventou o amor
E ele durou
O tempo que deveria
E se acabou
Sozinha a fantasia
Chorou, chorou, chorou...
Mais tempo que deveria
Até que um belo dia
Ela se recuperou
E se levantou
Como quem nada aprendia
Para inventar outro amor


(Ivana Lucena)

domingo, 9 de agosto de 2015

NÓS


Eu sou
Pedaços
Eu me dou
Em cacos
Firmes, fortes
Frágeis, fracos

Construo laços
E nós

Sou água, sal
Lua e sol
Sou areia e vento
Dunas em movimento

Apagando os passos
Desfazendo os laços
Desatando os nós
Voltando a ser só

Pedaços
Cacos


(Ivana Lucena, ago, 2015)

PASSADO


AS VEZES
OLHO PARA TRÁS
VEJO VIDAS
AMORES
ROUPAS
COISAS
QUE NÃO ME CABEM MAIS
SINTO SAUDADES
RECORDO ALEGRIAS
DÚVIDAS
CERTEZAS
QUE NÃO ME PREENCHEM MAIS

(Ivana Lucena, ago, 2015)


... FUI


FUI

CEDO DEMAIS

NEM TIVE TEMPO

PARA ME DESPEDIR

DE MIM

ME ABANDONEI

ME ENTREGUEI

ME DESPI

ME DESFIZ

ME DILUÍ EM TI


(Ivana Lucena, ago, 2015)

domingo, 22 de março de 2015

LYSA E SEUS AMORES

Sentada na cama, recostada sob os travesseiros Lysa refletia sobre a sua vida amorosa. Esse parecia o termo mais apropriado para se referir a confusão em que se metera agora.

Mesmo sem ter declarado nenhuma vez esse pensamento, Lysa acreditava que meio seculo de vida lhes trariam algum juìzo nessa àrea. Como? Se em uma das comemorações desse aniversário ela aprontara "uma", digna daquele ditado: "apodrece e não amadurece". - Se não fosse assim, não seria eu. - pensava, tentando justificar e gostando mais de si desse jeito mesmo, apesar dos pesares.

Dessa vez estava envolta com uma nova paixão. Alguém que conhecera numa dessas festas em que não cabem as damas da sociedade e, até para a classe feminina que normalmente frequenta tais festas, raras são as mulheres da sua idade se consideram a vontade para aproveitar tanto quanto ela esse tipo de evento.

Pois bem... Retornando ao conflito do momento... Lysa comparava mentalmente os dois rapazes, esse que conhecera na tal festa e que no dia seguinte já se declarava apaixonada e o outro, paixão antiga que, como diz a música, vive "rondando...feito alma penada". Conseguia encontrar bastante semelhança entre os dois, embora, fisicamente em nada se parecessem entre si, exceto pela mesma tenra idade... dezenove anos mais novos que ela.

O primeiro, classificado assim porque já se relacionam há mais de doze anos, é loiro, boca carnuda, um corpo sem nenhum excesso de gordura, rosado e macio. Todos esses anos juntos contribuíram para que ele aperfeiçoasse as técnicas sexuais que a mantem fortemente ligada a ele, apesar de todas os motivos que o seu caráter apresentava para manter-se afastada. Considera também que o rapaz alimenta por ela, durante todos esses anos, uma paixão que chega a ser insana. Os detalhes sobre isso dariam muitos escritos, desnecessários por ora. Trata-se um rapaz criado sob todas as lições de malícias da cidade grande, mas isso também é só mais um detalhe a seu favor.

Vamos para o segundo rapaz: Esse, do interior, mas nem por isso livre de umas pitadas malicia, característica que sempre cativa Lysa. Moreno, relativamente alto, como o outro, o corpo semelhante, embora moreno, bem queimado pelo sol da praia onde vive como pescador. Nesse, o jeito familia cativa mais do que as performances sexuais.

Se juízo lhes fosse um atributo adquirido, Lysa estaria nesse momento refletindo sobre o modo de se livrar dos dois. Está mais do que claro que nenhum deles representam algo de futuro. Mas, como ela mesma admite, entre risos, quando alguém lhes aconselha sobre isso: - Não tenho mais idade de escolher homem pensando no futuro e sim no presente. Então o conflito de Lysa se refere a dúvida de ter que escolher um entre os dois ou a possibilidade de manter tudo como estar... se completando em suas diferenças: Um preto, o outro branco; um sexo, o outro afeto; um ousado, o outro tímido...

O conflito é na verdade simplesmente essa questão: Entre eles há um que não merece ser enganado e outro que se tornará perigoso se descobrir que está sendo enganado.

- É isso mesmo... nem toda bigamia é perfeita. - Conclui Lysa, calculando se não pode ficar assim... usufruindo da duvida de qual escolher, só mais um pouquinho.

- Afinal...- justifica - não é verdade que eles estão sendo enganados, pois, o meu amor por cada um é realmente verdadeiro.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

QUERIA






Queria ser metade
Ser rasa
Segura

Não sou

Sou cheia
Sou fundo
Sou arriscada 

Ou sou paz 
Ou sou agonia

Pra mim
É tudo
Ou nada

As vezes transbordo
De amor
De alegria

As vezes derramo na praia
Minha alma
Despedaçada

(Ivana Lucena)

TUA POESIA MINHA




A minha poesia
Não revela o que penso
Mas, o que sinto
Nua, crua e sozinha
Quem a lê
Não descobre quem sou
Mas, enxerga seu próprio sentimento
E nesse momento
A poesia é sua
E não minha
(Ivana Lucena)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

TRISTE ENGANO




Eu nego
Reluto
Recuso-me a aceitar
Que me enganei
Que li errado o teu olhar

Só há uma explicação
Na qual eu posso acreditar
Quando eu olhava em seus olhos
Era o meu coração
Que eu vi refletido lá


(Ivana Lucena)

domingo, 25 de janeiro de 2015

A NOSSA POESIA




Não gosto da sua poesia
Essa pura, ingênua
Declarada
Certa

Prefiro a outra
Velada
Impura
Safada
Encoberta

Gosto da língua solta
Na sua boca
Soltando palavras sem rimas
Sem métricas

Cheias de má intenção
Maldosa
Maliciosa
Explodindo-me de excitação

Gosto de brincar contigo
De provocar sensações
De te deixar assim
Suado
Tarado
De te viciar em mim

Não te gosto poeta
Prefiro o homem
Assim
Que surge nas noites
E que nas sombras
Revela-se enfim

Que me conduz pelo ar
Sem chão
Sem teto
Deita-me na imaginação
Gemendo de tanto gozar

E seguimos noite a dentro
Unidos em pensamento
Ungidos em devaneios
Toco-me as entranhas
Imaginando-te lamber-me os seios

E adormeço molhada
Eu fogo
Tu brasa
Fatigados
Saciados

Tu lobo faminto
De membro intumescido
Eu ovelha gulosa
 Vadia
Inescrupulosa
Assim é a nossa poesia


(Fonte da imagem: http://www.paraiba.com.br/static/images/noticias/normal/1345483506185-seios.jpg )