sábado, 10 de dezembro de 2016

KARMA


Na viagem que eu fiz nestes dois dias atrás,   em uma cidade do interior do meu estado, pela qual eu passei, ouvi o carro de som anunciando a morte de um senhor.

Uma moradora da cidade  comentou comigo:
- Já é o 4° marido que essa Mulher enterra. Isso virou brincadeira de deboche, mandar alguém se casar com ela é como se desejasse a morte para o rapaz.

Essa história me fez pensar sobre mim.

Como uma ordem inveritda, Já passaram  em minha vida três relacionamentos em que as pessoas me perderam.

Mesmo avisadas do que aconteceria no futuro, não entenderam,  o resultado é que até hoje sofrem amargamente o luto dessa perda.

Me pergunto se sobre mim e sobre essa Mulher haverá algum  karma.

Será que ainda aparecerá alguém que vá quebrar esse Ciclo?

Todos sofrem em situações como essas. A diferença está em que quanto a morte não há nada o que se possa fazer, mas quanto as escolhas são chances que a vida dar. Nós somos os senhores do nosso destino neste momento. 

sábado, 3 de setembro de 2016

INSANIDADE


Eu me invento
Na solidão
O mundo me distancia
Da compreensão de mim
Represento papéis que não me representam
Testo sorrisos e frases
Sobrevivo
Só vivo
Entre os sobreviventes
À saudade do que desejei
Ao lamento do que não alcancei
À gratidão das migalhas que chegaram a mim
O tempo me esmaga
Exigente
Eu respondo em  interrogações.
(Ivana Lucena)

domingo, 10 de abril de 2016

DE-VAGAR


Hoje eu acordei praia
Caminho por mim
Areia solta
Deserta
Olhos de mar
As lagrimas que eu chovi
Limparam meu céu
E o azul se refaz
Convidando a vida
Para retomar
Mas a brisa 
Ainda sopra a lembrança
Da chuva caída
E controla meus passos
Para eu ir devagar


(Ivana Lucena)

sábado, 9 de abril de 2016

O SEU MUNDO EM MEU SONHO



Eu já nem lembrava mais ao certo o motivo pelo qual a gente se deixou. Naqueles dias primeiros, eu só conseguia pensar nas vantagens e nas desvantagens do rompimento. Tentava balancear para alcançar uma conclusão. O debate entre a razão e a emoção estava, certamente, longe de uma definição do melhor e, tampouco, livre de tendências para inclinações favoráveis a emoção. À essas alturas, o debate nada havia de imparcialidade, à todo instante me via planejando ou desejando que algo acontecesse para provocar a chance de um reencontro.  

Um desses devaneios em busca do reencontro levou-me a um espaço semelhante um alpendre de uma casa. Eu acabara de sair de dentro dela, envolta em um lençol que eu percebia cobrir-me sensualmente, mostrando um pouco do babydool  preto estampado de rosas e também um pouco do corpo, parte dos seios.  Eis que você surge à minha frente.

Não te reconheci de imediatamente pela figura, estavas magro, desvalido, olhar angustiado... Mas, te reconheci pelo cheiro, pela força que me atraia para ti... Eu te reconheceria em qualquer lugar, de qualquer forma. Esse é o pensamento que me ocorre agora relembrando a cena.

Lembro-me que na noite anterior a essa tua vinda, eu caminhei com pessoas que eu não conhecia profundamente, havia entre eu e essas uma afinidade provocada por mim mesma. Havia cachorros e crianças que provocaram um elo. Todos conversavam alegremente em uma casa espaçosa, de poucos móveis, era cerca de dez pessoas ou mais espalhadas pelos cômodos dessa casa e eu entrei como uma penetra, desapercebida, que aos poucos tentava se familiarizar.

Saindo da casa, as ruas já estavam escuras, mal iluminada pelas luzes amareladas dos postes e cobertas por árvores. Haviam também muitos galhos grandes derrubados pelo caminho estreito. Eu caminhava ao lado de uma mocinha que não demonstrava muita afinidade por mim. Ela carregava dois cachorrinhos brancos, da raça poodle e, de vez em quando, eu não resistia em fazer-lhes um carinho e uma graça para vê-los festejar. Por um instante, eu e ela tememos aqueles galhos caídos ao chão, do nosso lado. Parecia que alguém poderia se esconder ali e surgir repentinamente para nos fazer algum mal.

O que me lembro depois é de já está caminhado só, a tal mocinha parece haver ficado para trás ou tomado outro rumo. As ruas estavam desertas e encharcadas da chuva. Poças enormes me faziam alternar as calçadas e buscar estratégias para atravessá-las. Já não chovia, mas o céu mantinha a sua cor cinza com poucas luminosidade ao fundo, denunciando que o sol tentava forçar um amanhecer. O frio era suportável, apenas desconfortante, somava ao lugar a sensação de abandono e solidão.

Observei que um rapaz que caminhava ao meu lado sem que eu o notasse antes. Nós nos comunicávamos sem usar palavras. Ele tentava me garantir uma confiança mas não funcionava totalmente. Seguimos juntos, nesse diálogo mudo, até o final de uma rua, onde as águas desciam com uma força de eram puxadas para uma cachoeira. Ele deu-me a mão para pular um obstáculo. Senti na sua mão a capacidade de me puxar para algum lugar onde eu não desejaria ir e soltei-me imediatamente. Livrei-me da sua insistência de acompanhá-lo na entrada da sua casa e corri de volta para o inicio do caminho.

Não há memórias construídas de como eu consegui chegar em casa. O que aconteceu a seguir foi a cena da varanda, enrolada no lençol e a surpresa (esperada) da sua aparição.

Tudo seu era muito familiar, mas havia um vácuo entre nós. Eu atendi ao seu chamado e o segui pelas ruas, enrolada no lençol, chamando atenção das pessoas para a cena, tentando não dar muita importância a isso.

Lembrei-me de você haver me contado que havia se mudado para uma casa maior e percebi que estava me conduzindo até ela. De repente, aproveitei-me de um descuido seu, que caminhava olhando para trás apenas de vez em quando para se certificar de que eu o continuava seguindo, e escapei. Já não havia mais em mim a certeza de querer segui-lo.

Escondi-me por trás de umas ruínas de uma casa. A cabeça se esforçava para pensar rapidamente e tomar uma decisão. Eis que novamente aparece em meu caminho uma criança, sempre há uma criança... Esta parecia abandonada. Não soube me responder, apenas chorava. Coloquei-a em meus braços, consegui tranqüilizá-la. Atribui a criança uma justificativa para decidir procurá-lo. Voltei ao caminho e você já havia entrado na casa. Consegui localizá-la com facilidade. Eu estava com a criança em meus braços e você veio me receber trazendo outra criança nos seus.

A casa parecia um armazém. As paredes desgastadas, muito suprimento espalhados pelo chão, formando pilhas e pilhas de coisas como açúcar e enlatados. Haviam muitos colchões jogados pelo chão dos outros cômodos e muitas pessoas deitadas sobre eles. Uma sensação de tristeza e abandono de si mesmo brotava daquelas pessoas. Você parecia ignorar essas sensações e me apresentava euforicamente um por um.  

No meio da conversa, alguém informou sobre a fome que as crianças estavam passando. Não havia leite para elas, nem massa para fazer o mingau, foi o que o homem disse para você. Ouvi aquilo constrangidamente. Embora nenhuma solicitação me fosse dirigida, a sua imagem de cabeça abaixada, sem saber o que fazer, me impulsionou a ir comprar os itens que faltava e trazê-los para aquelas pessoas. Você e os outros receberam agradecidos, embora eu não percebesse alguma sensação de gratidão.

Por mais que eu sentisse uma necessidade de opinar sobre o que via em sua vida, naquela espécie de armazém cheio de pessoas pelos cantos, eu me controlava para não fazê-lo, pelo menos não com palavras, porque o meu olhar certamente denunciava os meus pensamentos.

Finalmente, você veio em minha direção com um sorriso informando que eles resolveram se mudar. No mesmo momento, um caminhão parou na frente da casa e as coisas, juntamente com as crianças e os adultos seguiram para uma cidade no interior do estado, para onde havia planos de colocarem um mercado e começar uma vida nova.


Nós dois ficamos parados observando o caminhão se afastar. Desse momento em diante, mais nada aconteceu. Eu acordei.  

segunda-feira, 4 de abril de 2016

VIAGEM INSÓLITA


Quanto ainda há em mim
Ao me ajustar a você?

Modelo o meu corpo
Modelo o meu mundo
Modelo o meu ser

Até onde conseguirei ir
Sem me perder?

Se o vento não ajudar
Espero ter fôlego
Para reviver

Revejo o meu corpo
Revelo o meu mundo
Retorno ao meu ser


  (Ivana Lucena)

sábado, 12 de março de 2016

EU PRECISO


Sim
Eu preciso
De fugas
De escapes
De ar
Preciso
De ruas
De risos
De mar
Preciso fingir que me basto
E se eu me afasto
É para respirar
Se me contenho
É que já não tenho
Como derramar
Se me mostro sábia
É que me envergonho
De me revelar
Se pareço madura
Não sabes as agruras
A experimentar
Se fico contida
Não imaginas a ferida
A me machucar
Por isso não peças
Para eu não fingir
A felicidade
É o melhor show
Que ensaiei pra ti
   (Ivana Lucena)



quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

VIAGEM CEGA


A imagem do teu rosto foge lentamente da minha memória. Como alguém que acena no cais, desmanchando-se pela distância e pelo nevoeiro, enquanto o barco se afasta. 
Esforço-me para manter intactos em minha mente os detalhes do teu rosto; dos  teus olhos, da tua boca... Em vão. 
As imagens vêm e voltam, como o balanço do mar. Como um jogo enganador. Peça deste coração que tenta a todo custo se proteger da dor te apagando de mim.
Pobre, tolo coração. 
Viajo como uma cega. Não são as imagens que me guiam e que te referencia em mim. É você. Simplesmente você, inteiro. 
É o teu cheiro, o teu andar, a tua voz, o teu jeito, a lembrança do calor dos teus braços...
Assim, não há nevoeiro que me proteja de levar-te comigo nessa viagem sem fim. 

AH MAR

Ah mar...
Ah mar me leve
Antes que a maré leve
Arraste 
O que me restar
Pra que tanto mar
Pra que tão
Pra que tudo
Se um dia então
Tudo vão
Tudo é em vão
Um dia nunca mais
Um dia nunca mar
Nunca mais Amar