domingo, 22 de março de 2015

LYSA E SEUS AMORES

Sentada na cama, recostada sob os travesseiros Lysa refletia sobre a sua vida amorosa. Esse parecia o termo mais apropriado para se referir a confusão em que se metera agora.

Mesmo sem ter declarado nenhuma vez esse pensamento, Lysa acreditava que meio seculo de vida lhes trariam algum juìzo nessa àrea. Como? Se em uma das comemorações desse aniversário ela aprontara "uma", digna daquele ditado: "apodrece e não amadurece". - Se não fosse assim, não seria eu. - pensava, tentando justificar e gostando mais de si desse jeito mesmo, apesar dos pesares.

Dessa vez estava envolta com uma nova paixão. Alguém que conhecera numa dessas festas em que não cabem as damas da sociedade e, até para a classe feminina que normalmente frequenta tais festas, raras são as mulheres da sua idade se consideram a vontade para aproveitar tanto quanto ela esse tipo de evento.

Pois bem... Retornando ao conflito do momento... Lysa comparava mentalmente os dois rapazes, esse que conhecera na tal festa e que no dia seguinte já se declarava apaixonada e o outro, paixão antiga que, como diz a música, vive "rondando...feito alma penada". Conseguia encontrar bastante semelhança entre os dois, embora, fisicamente em nada se parecessem entre si, exceto pela mesma tenra idade... dezenove anos mais novos que ela.

O primeiro, classificado assim porque já se relacionam há mais de doze anos, é loiro, boca carnuda, um corpo sem nenhum excesso de gordura, rosado e macio. Todos esses anos juntos contribuíram para que ele aperfeiçoasse as técnicas sexuais que a mantem fortemente ligada a ele, apesar de todas os motivos que o seu caráter apresentava para manter-se afastada. Considera também que o rapaz alimenta por ela, durante todos esses anos, uma paixão que chega a ser insana. Os detalhes sobre isso dariam muitos escritos, desnecessários por ora. Trata-se um rapaz criado sob todas as lições de malícias da cidade grande, mas isso também é só mais um detalhe a seu favor.

Vamos para o segundo rapaz: Esse, do interior, mas nem por isso livre de umas pitadas malicia, característica que sempre cativa Lysa. Moreno, relativamente alto, como o outro, o corpo semelhante, embora moreno, bem queimado pelo sol da praia onde vive como pescador. Nesse, o jeito familia cativa mais do que as performances sexuais.

Se juízo lhes fosse um atributo adquirido, Lysa estaria nesse momento refletindo sobre o modo de se livrar dos dois. Está mais do que claro que nenhum deles representam algo de futuro. Mas, como ela mesma admite, entre risos, quando alguém lhes aconselha sobre isso: - Não tenho mais idade de escolher homem pensando no futuro e sim no presente. Então o conflito de Lysa se refere a dúvida de ter que escolher um entre os dois ou a possibilidade de manter tudo como estar... se completando em suas diferenças: Um preto, o outro branco; um sexo, o outro afeto; um ousado, o outro tímido...

O conflito é na verdade simplesmente essa questão: Entre eles há um que não merece ser enganado e outro que se tornará perigoso se descobrir que está sendo enganado.

- É isso mesmo... nem toda bigamia é perfeita. - Conclui Lysa, calculando se não pode ficar assim... usufruindo da duvida de qual escolher, só mais um pouquinho.

- Afinal...- justifica - não é verdade que eles estão sendo enganados, pois, o meu amor por cada um é realmente verdadeiro.

2 comentários:

  1. Um Conto/Crônica digno de profundas reflexões, já que aborda os conflitos de uma madura que ainda se revela indecisa em sua vida amorosa. Ser capaz de encontrar um caminho que a livre de magoar ou de se magoar é, na maioria dos casos de triângulos amorosos, a melhor solução. É claro que nem sempre é possível. Por isso, o texto é capaz de produzir boas reflexões sobre o tema e promove, também, a busca para prováveis soluções. A autora está de parabéns.

    Abraço,

    Raimundo Antonio de Souza Lopes

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    1. Grata pela visita, pelo comentário e pelas sugestões que me enviou para aperfeiçoar este texto. Abraços.

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