sexta-feira, 18 de maio de 2012

INFÂNCIA MAL ASSOMBRADA


Enquanto todos dormiam, o sono fazia maldade comigo e se afastava para longe. Deixava á mostra a penumbra do candeeiro formando monstros nas paredes. Impossível permanecer escondida embaixo do lençol, o calor insuportável obrigava a me expor, oportunidade esperada pelos mosquitos para atacarem com picadas e com seus zumbidos infernais.

Ouvindo os roncos e as respirações dos outros no quarto, eu tinha a certeza do meu abandono á própria sorte. Pressentia os monstros que me aguardavam sob a minha rede. De vez em quando tinha a impressão de que alguém do outro mundo iria balança-la.

O medo escorria pela minha espinha, percorrendo todo o meu corpo, deixando-me paralisada. Nem sei ao certo o que sentia, não tinha vontade de chorar, nem coragem para gritar. Parecia condenada a sofrer todas aquelas sensações, ali, parada, aguardando o sol para me libertar.

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