sábado, 19 de outubro de 2013

TEMPESTADE


Os sinais  insistentes de chamadas não atendidas no meu celular, vindas do teu número,  são prenuncios dos desastres que certamente estão por vir por aí. 

Notícias recebidas nas entrelinhas  me afetam, até aqui, nessa distância em que me coloquei protegida.

Posso assistir em minha memória a aproximação da brisa traiçoeira que, sutilmente, se transveste em vento e vai ganhando forças  para tornar-se um tufão. 

Revivo a emoção da atração do vento, aquele movimento circular poderoso que me atraia para o centro como um liquidificador e me tornava composição do plano  de destruição de tudo que se encontrava ao redor.

Sofro por pensar que ainda continuas aí, mas, o pavor das experiências me fizeram entender de que nada lhes valeria a minha presença. 

Quem sou contra a força desse vento? Ele sempre nos arrastou junto.

Cansei de recolher os meus pedaços depois da tempestade. Ainda me recupero das ultimas. 

Cada vez que o telefone toca, toca nas cicatrizes.

Não mudei o número para não anestesiar.

Preciso reviver mentalmente às tempestades para não me deixar iludir pela brisa que vem dessa direção.

IVANA LUCENA (2013)

Um comentário:

  1. Olá Ivana, apenas hj eu vim ao blog e vi seu comentário. Me desculpe pela demora! É um grande prazer seguir vc, seus escritos são belos, e tb uma honra que tenha gostado de minhas palavras. Seja bem vinda, obrigada!

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