Enquanto todos dormiam, o sono fazia maldade comigo e se afastava
para longe. Deixava á mostra a penumbra do candeeiro formando monstros nas
paredes. Impossível permanecer escondida embaixo do lençol, o calor
insuportável obrigava a me expor, oportunidade esperada pelos mosquitos para
atacarem com picadas e com seus zumbidos infernais.
Ouvindo os roncos e as respirações dos outros no quarto, eu tinha a
certeza do meu abandono á própria sorte. Pressentia os monstros que me
aguardavam sob a minha rede. De vez em quando tinha a impressão de que alguém
do outro mundo iria balança-la.
O medo escorria pela minha espinha, percorrendo todo o meu corpo,
deixando-me paralisada. Nem sei ao certo o que sentia, não tinha vontade de
chorar, nem coragem para gritar. Parecia condenada a sofrer todas aquelas
sensações, ali, parada, aguardando o sol para me libertar.
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