De criança eu já previa o meu sofrimento
futuro.
Admirando ali as estrelas pipocando o breu do
firmamento.
Era eu e a minha irmã, sentadas no
batente da cozinha pertinho da minha avó que de cócoras exalava o seu encantador cheiro
de baforadas de cachimbo.
A minha avó apontava para as
constelações e explicava os nomes de cada uma
– Aquela ali é as três Marias. –
O cruzeiro do Sul. – O escorpião...
Eu ficava assim, bem juntinho
dela, aproveitando o seu cheirinho com uma dor no peito que eu não entendia
direito.
No fundo eu sabia, que aquelas
estrelas frias continuariam lá, brilhando quando a minha avó não existisse
mais.
Eu entendia que aquele
encantamento se perderia ali e que, no futuro, olhar as estrelas seria chamar a
dor da saudade para dentro de mim.
Depois aprendi que as estrelas,
coitadas, morrem também.
Mas, por uma justiça que eu ainda
não conheço, duram mais do que a vida de alguém.
(Ivana Lucena, 2014)
Endereço da imagem:
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Lindo amiga! Tudo a ver com a preocupação da minha neta comigo... ela não se conforma de que eu vá precisar ir antes.... daqui a pouco a vida ensina e outros objetivos aparecem. Muito bonito o texto. Beijo.
ResponderExcluirMães e avós eram para ser eternas! Dá mesmo uma dó saber o que a sua netinha sente. Obg por ter lido meu texto, Estou feliz que tenha gostado. Beijos
Excluirlindo!!
ResponderExcluirEstou muito feliz que tenha gostado, querida. Que bom que veio me conhecer! bjs
ExcluirShow
ResponderExcluirValeu, Rafael! Fico tão feliz que vc tenha gostado do meu texto! Obg.Um abraço.
ExcluirTambém ainda não entendi porque é que as coisas duram mais que as pessoas...Se alguma estrela te disser...avisa-me!
ResponderExcluirBj
Graça