Com
todo respeito a quem acredita e a quem não acredita, mas, sabem respeitar um ao
outro.
Embora
saiba que muita gente (tanto de um lado, como do outro) não vai gostar de jeito nenhum da proposta de filosofar
sobre Deus.
Aliás,
só para tentar evitar um julgamento precipitado sobre o meu posicionamento com
relação a acreditar na existência de Deus, esclareço:
-Não me coloco de um lado nem do outro. Sou o
que muitos acusam de “em cima do muro”, agnóstica.
Ah...
tá bom, já chega de falar sobre mim, vamos falar sobre Deus que é a proposta.
Então...
Vamos
começar pensando o seguinte:
Se
Deus, o criador supremo de todas as coisas, existir de verdade, e, como
acredita-se, for um ser constituído só de perfeição, ele jamais poderia ter vaidade. Confere?
Logo, ele não criou o homem com o propósito de
adorá-lo.
Ou
seja, mesmo que o homem entenda que ele mereça, essa é uma compreensão humana.
Foi por outro motivo, muito mais sublime que ele o criou, porque a Deus não
confere essa vontade vaidosa de ser adorado. Concorda?
Qual
teria sido então o motivo para Deus
criar o homem?
- “Para
ser Feliz”.
Essa
é a resposta que mais corresponde a um ser de bondade elevadíssima. Não é
mesmo?
Concordamos.
Assim,
pensemos juntos agora:
- Como prega a tradição cristã, “Deus criou o
homem a sua imagem e semelhança”. Isso sempre foi incontestável.
Pergunto:
Porque
então, essa criação ficou tão cheia de imperfeições, tão passível de paixões e
corrupções?
Considerando
que não poderia ter sido um erro, já que Deus é perfeito e não erra nunca, só
pode ter sido proposital.
Então,
qual seria a intenção de Deus para criar um homem imperfeito?
Aquela
história de “livre arbítrio”, não conseguirá ser a resposta aqui.
Então,
vamos continuar:
Se
ele mesmo já surgiu perfeito, desde o principio, e goza toda a eternidade da
perfeição... porque não escolheu ser assim também para o homem?
Não
havemos de pensar que, se assim o for:
Deus
haveria gozado de benefícios que optou não oferecer ao homem?
Vamos
usar uma parábola para nos ajudar a compreender melhor
-
Havia uma criança que nascera em um barraco de uma suja e fedida favela, filho
de uma mãe viciada em drogas e de um pai desconhecido. Ao lado dessa favela
erguia-se um grande muro que ocultava belas casas em um condomínio cheio de
gramado e flores, onde também nascera uma criança já com a promessa de crescer
rodeado de carinho dos pais e da família e com a certeza de que seria educado
nas melhores escolas. Então, respondam: As oportunidades dessas crianças são idênticas?
E até quando vamos dizer que não importa a desigualdade de oportunidades, o que
vale é o esforço de cada um?
Assim,
voltando para Deus, pensemos:
Se ele
nunca foi passível de condições para correr o risco de se corromper, se não
teve que fazer esforços próprios para se tornar o bom, porque então sujeitou a
sua criação a isso?
Só
pensando...
Não
seria muito mais “perfeito” fazer-nos todos perfeitos, realmente “à sua
semelhança”?
Por
outro lado, podemos também pensar que:
Se considerarmos que é mesmo injusta a
desigualdade de oportunidades para cobrar as mesmas conquistas, Deus, o
perfeito, não cobraria de nós o que nunca precisou passar para provarmos que
somos merecedores da felicidade eterna.
Dessa
forma, isso pode nos levar a refletir que:
Ele
também teve que experimentar tudo e provou ser digno, venceu... não se
corrompeu. Por isso acredita tão piamente no poder de cada um e, na sua
infinita bondade, torce para que consigamos alcançar esse nível de elevação
espiritual.
Por
quais experiências teria passado então Deus?
Pelo
menos, havemos de reconhecer que o tornou tão sábio a ponto de se distanciar do homem o suficiente para não se afetar por ele, enquanto torce por sua vitória.
(Ivana
Lucena, abril de 2018)