sexta-feira, 18 de maio de 2012

MENTI

Eu fico aqui
Pode deixar
Quando me sentir preparada
Volto a caminhar
Quem sabe te alcanço
Ou não
Nem consigo mais me acompanhar
Parei no tempo
Retrocedi
Vivo de vento
Menti
Pra mim 

INFÂNCIA MAL ASSOMBRADA


Enquanto todos dormiam, o sono fazia maldade comigo e se afastava para longe. Deixava á mostra a penumbra do candeeiro formando monstros nas paredes. Impossível permanecer escondida embaixo do lençol, o calor insuportável obrigava a me expor, oportunidade esperada pelos mosquitos para atacarem com picadas e com seus zumbidos infernais.

Ouvindo os roncos e as respirações dos outros no quarto, eu tinha a certeza do meu abandono á própria sorte. Pressentia os monstros que me aguardavam sob a minha rede. De vez em quando tinha a impressão de que alguém do outro mundo iria balança-la.

O medo escorria pela minha espinha, percorrendo todo o meu corpo, deixando-me paralisada. Nem sei ao certo o que sentia, não tinha vontade de chorar, nem coragem para gritar. Parecia condenada a sofrer todas aquelas sensações, ali, parada, aguardando o sol para me libertar.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

PELAAAAMORDEDEUS ...SETE?!



Aqui, na casa das sete mulheres, sempre tem uma novidade.

Sete mulheres? Conte comigo: Eu (1); Enelyne, filha mais velha (2); Emmyle, filha do meio (3); Elora, fiha mais nova(4); Gigele, a cachorra (5); a gata Branca (6); Nega, a outra gata (7).

Pois bem. A novidade agora são as crias das duas gatas ao mesmo tempo.

Se sete for mesmo um numero de sorte, então... Estamos muito bem favorecidas! Foram sete gatinhos ao todo. Para nooooooooosa alegria!

E Gigele, a cachorra, nessa história toda? Vocês nem acreditam. Outro dia, as meninas sentiram a falta de um dos gatinhos na caixa e de imediato correram para o lugar em que Gigele costuma ficar. Lá estava ela, deitada na sua caminha, com o gatinho acomodado ao seu lado. Levou umas broncas, claro. Mas a gente, depois do susto, morreu de rir.

Agora, Gigele fica lá, deitada em sua cama, próxima as caixas onde ficam as gatas, agarradinha com um cachorrinho de pelúcia. Aparentemente está muito satisfeita com esse filho adotivo.

Se não bastasse todas essas preocupações, ainda resta uma: Quando essas criaturas estiverem todas andando pelo meio da casa?!

O pior é que vão se misturar e eu não sei qual será a reação das gatas. A Nega, principalmente.

Certa vez peguei a Nega, olhando para dentro da caixa onde estavam os gatinhos da Branca e cutucando eles com a patinha. Levou o maior susto quando eu me aproximei.

Hoje, ouvi lá de trás um barulho que parecia Gigele chorando. Fui em direção das caixas e me deparei com ela olhando em direção das mesmas. Esclareço que tem uma tábua de proteção que impede Gigele de sequer ver as caixas.

Examinando para além da tábua, vi a Branca bem quietinha olhando para a sua caixa e pude ouvir os miados dos seus gatinhos, vindo lá de dentro. Dentro da caixa estava a Nega lambendo os gatinhos da Branca.

Obviamente, expulsei-a de lá. A gata branca tomou o seu lugar, sob o olhar curioso da Nega e Gigele voltou a sua posição acomodada na caminha, abraçada com seu cãozinho de pelúcia. 

terça-feira, 8 de maio de 2012

CENA DE TERROR



A minha filha conta que um amigo seu, morando próximo a linha do trem e a avenida central de um bairro periférico daqui de Natal, assistiu diante da porta da sua casa, juntamente com a sua mãe, a um acidente terrível.

 Segundo ela, o rapaz narrou que certa manhã, saindo para o trabalho, no momento em que abriu a porta de casa e foi para a calçada com a sua mãe, viu um caminhão frear bruscamente antes da linha do trem e, um carro, que vinha logo atrás, entrar violentamente na traseira desse.

Ainda, de acordo com a narrativa do rapaz, a cena até hoje, passado algum tempo, ainda causa reações traumáticas em sua mãe.  O choque entre os carros foi tão grande que decapitou, imediatamente, o motorista e a passageira que estava ao seu lado.

Imaginando a cena, avalio, realmente, tais devam ser a perplexidade e o choque com o qual se recebe uma visão tão terrível dessas.

Uma reflexão inusitada me vem a mente enquanto ouço a narrativa desse episódio que parece ter sido retirado de um filme de terror.

Pensei na semelhança entre essa cena e aquelas de filmes de ficção científica, quando a cabeça de algum robô que se passava por ser humano é arrancada e os fios, a maquinaria e as faíscas que saem do corpo revelam a constatação excepcional de que ele não era aquilo que enxergavam nele.

Naquele instante do acidente, conjecturo, - Pessoas normais que viajavam e possivelmente conversavam de forma natural entre si, foram violentamente reveladas quem eram por dentro.

Umas máquinas humanas que pararam ali de funcionar.

A ideia de que somos todos, sem exceção, máquinas idênticas, constituídas de esqueletos, carnes, vísceras e outros órgãos, revestidas em peles que nos distinguem uma das outras, me fez pensar quão besta nós somos quando lançamos nossos valores apenas a esse revestimento.

Quantas pessoas, pela sua aparência, simplesmente, julga-se superior as demais.

Quanta soberba há em ignorar que por dentro somos: Todos, máquinas iguais.

(Ivana Lucena, do Blog Do que eu gosto)

segunda-feira, 7 de maio de 2012